Respire...

domingo, novembro 15, 2015 Ana Luisa Maya Uludüz 4 Comments


Inaugurando uma sessão que adoro: falar sobre atividades que mantenham o corpo em movimento. E já que segunda-feira é o dia mundial de início da dieta e da atividade física, vamos começar com algo  de que gosto muito e que faz parte de um longo e importante capítulo da minha vida, o yoga.
Conheci o yoga quase por acaso, estava a frequentar um ginásio/academia e fui experimentar uma aula, apesar do meu momento na época ser o de treinos incansáveis (e os realizava sem nenhum prazer, quase uma obrigação que eu mesma me impunha, por isso os resultados não vinham). O yoga então passou da mera curiosidade para algo além da atividade física para mim. Entrei profundamente nos seus ensinamentos filosóficos, fiz um curso de formação e por cinco anos fui instrutora de yoga, e vivenciei a mudança no estilo de vida de muita gente por quem guardei o maior carinho e admiração, assim como uma grande evolução pessoal.
Antes de começar a falar sobre a prática dessa filosofia tão especial, vale a pena dar um conselho sobre como escolher uma atividade física. O maior erro que todos cometem é, depois de passar muito tempo no sedentarismo, é matricular-se numa academia, aliada a uma dieta restritiva, muitas vezes sem acompanhamento médico ou nutricional. E o resultado é sempre desastroso e longe do desejado, pois o corpo não está preparado para tal estresse nos músculos e a cabeça por sua vez, recebe a carga de privação e exigência em forma de frustração. Desistir é mais fácil do que insistir se desde o início não há prazer, realização, na prática do que quer que seja. A maior prova disso são as desculpas que criamos para nós mesmos, para escapar de algo que precisamos em prol de nossa saúde e bem estar. Então, quando decidires ir por alguma atividade física, escolha o que combina com você e lhe dará satisfação e vontade de voltar. Seja dança, corrida, remo, natação, capoeira, musculação, não espere dessa escolha a resolução perfeita para o seu problema de peso, saúde, se não vier em conjunto com boa alimentação, disciplina e pra mim nunca menos importante, prazer. Prazer no desafio, nas novas descobertas, no novo estilo de vida, em provar algo novo, que esteja presente todo o tempo e que dependa só de ti e mais ninguém para ser uma constante em sua vida.
O yoga é uma atividade bastante estereotipada. As pessoas ouvem falar que você faz yoga e já dizem logo que "virou zen". Piadas e preconceitos surgem pela desinformação. Ah, não! É muito parado! É coisa de mulher de 30 e solteira (juro que já ouvi isso diversas vezes). Esse negócio não é pra mim, preciso de algo mais forte (sendo que esse "forte" nunca sai do sofá). Yoga não é nada disso, mas pode ser o que você fizer dele. Explicando: o yoga nasceu na Índia, é uma pratica milenar e foi difundida no ocidente no século passado pelo yogui Paramahansa Yogananda (para quem nunca ouviu falar nele ou seus famosos livros, vale ver o documentário cujo trailer disponibilizo aqui). Teve seu ápice na década de 60 e em todos os lugares do mundo começaram a surgir "gurus" e "sris", fazendo uma salada com os preceitos hindus e as crenças religiosas ocidentais, atraindo milhares de pessoas mais pelo exotismo que pela pratica em si. Hoje existem imensas vertentes para o yoga, ensinadas com muita ou nenhuma propriedade (há que ser crítico e persistente para encontrar um bom instrutor ou uma boa escola). 
Uma aula de yoga no método no qual me especializei, se divide em 7 partes. Digamos que é a forma mais antiga e completa para uma pratica diária. Consiste nos exercícios de respiração, limpeza interna, concentração e meditação, vocalização de sons, retribuição energética, posturas físicas e relaxamento. Numa pratica mais básica e informal, o instrutor pode somente dar ênfase aos exercícios respiratórios e às posturas físicas, os chamados ásanas, claro que com um gostoso relaxamento no fim. E não, yoga não é zen, palavra atribuída aos preceitos budistas que nada tem a ver com o hinduísmo; Não é parado, e se você participou de uma aula e continua achando isso é porque foi à escola errada e entrou numa aula com ênfase em meditação ou grupos para a terceira idade; Não adianta praticar yoga e continuar se intoxicando com junkie food, cigarro ou qualquer que seja o seu vício (e nem funcionará com nenhuma outra atividade); Yoga não é para os fracos, basta fazer uma hora de ásanas para perceber isso, o suor vem até de onde menos se imagina; yoga não dá sono, dá energia; uma boa escola o fará sentir-se à vontade e acolhido, com liberdade para deixá-la no momento que quiser ou se aprofundar na filosofia se assim o desejar. 
E lembre-se sempre que nada que seja em excesso faz bem. Passar longas horas na academia ou experimentar todos os drinks do bar numa só noite não te dará boas recompensas, além de estresse muscular, muita dor de cabeça e um fígado inchado. Dê tempo ao seu corpo para assimilar o que está sendo oferecido a ele por meio das práticas, da alimentação e do novo estilo de vida. É aí que o yoga entra para fazer parte de forma mais profunda, deixando-o mais atento, energético, colocando intenção e vontade nas atividades normais do dia a dia, dormindo melhor, com o corpo mais forte e dependendo da dedicação e da sua genética, desenhado e harmônico.
Nos preceitos hindus, a energia do ser humano é armazenada ao longo da espinha dorsal, dividida em sete pontos, cada um deles distribuindo equilíbrio e saúde para todo o corpo. Para Yogananda, é na espinha dorsal que vive o ser divino, essa grande força capaz de transformar cada ser em algo melhor para si mesmo dia após dia, o chamado self realization. Eu acredito nesse dínamo energético que cada um possui dentro de si, que se trabalhado em harmonia pode trazer imensos benefícios para o próprio corpo e dar vazão a consciência, em ser melhor para si e para os outros e não "que" os outros. O yoga me trouxe e ainda me traz uma vasta inteligência física que antes eu não sabia existir ou que a possuía. Sobre conhecer meu corpo e saber usá-lo como a minha melhor ferramenta. Andei um pouco afastada dele no meu longo período maternal, mas aos poucos tudo de bom que essa filosofia me proporcionou tem voltado aos poucos, sem pressa.
Até a próxima, namastê : )


4 comentários:

  1. Gostei imenso deste post! Tenho de concordar que muita gente tem uma ideia completamente errada do que é o Yoga e muitas vezes acham que não exige um "grande" esforço físico, o que é totalmente mentira.
    Gosto imenso de correr e concordo que para perder peso é tudo uma combinação de exercício e alimentação.
    Tem aqui um bom blog <3 segui-te...visite também o meu e retribua se gostar:
    http://nuancesbyritadias.blogspot.pt/

    Beijinhos*

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    1. Fico feliz que gostastes, Rita!
      Obrigada pelo carinho, vou correndo espreitar teu blog!
      Beijinhos : )

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  2. Bem preciso...para acalmar, abrandar...alguma escola boa aqui em Lisboa?

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    1. Sónia, ainda não conheci as escolas daqui, mas alguns instrutores. Quando souber de algum lugar bacana, lhe aviso. Beijinhos!

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