O peso da decisão
Hello, people! Sacode a poeira e vamos pra mais uma semaninha de Agosto, dessa vez pra falar da balança. Se você está em paz com ela, talvez esse texto sirva pra ajudar alguém muito próximo a você que não está.
Todo mundo sabe que o excesso de peso traz sérias consequências para a saúde, certo? Assim como a magreza extrema, são ambos problemas que podem ter diversas raízes. Má alimentação, problemas hormonais, fatores hereditários, a idade, distúrbios psicológicos. Mas antes de julgar ou querer dar uma de médica que não sou, falarei da minha experiência.
Fui uma criança rechonchuda, de perninhas roliças, barrigudinha e pouco ativa, já que tinha muitas crises crônicas de asma e mesmo quando não as tive mais, as crises eram desculpa recorrente na minha adolescência para me ausentar das aulas de educação física da escola. Meus pais sempre foram gordinhos, a mãe sempre a lutar contra o peso quando era mais jovem e meu pai, obeso mesmo. Então o fator genético também era mais um pra minha lista. Na adolescência a partir dos 12 anos comecei a ganhar peso muito fácil, os hormônios a trabalhar a mil e os problemas dessa fase contribuíram imenso. Aos 14/15 fiz meu primeiro regime: segui o cardápio do spa que minha mãe havia passado algumas semanas e emagrecido horrores, e cheguei aos 54 quilos com 1,74 de altura. Virei modelo e até os 16 era uma sílfide, isso sem nunca haver consultado médicos e nutrólogos, ou ter feito alguma atividade física. Era a considerada "falsa magra", mas os números da balança e das roupas que eu vestia eram o que importava. Veio a vida adulta e sempre tive altos e baixos nessa questão, emagrecia fácil porém engordava com a velocidade da luz. Só tive momentos de equilíbrio entre peso e saúde quando pratiquei com regularidade certas atividades, como a dança e o yoga. Veio a minha primeira gravidez, e apesar de toda a ginástica pré parto, comia como se não houvesse amanhã, tamanha era a felicidade e relaxamento, e engordei quase 30 quilos! Já estava com mais de 30 anos, super sedentária e completamente dedicada à maternidade, então o assunto peso não me chamava muita atenção. Não achava roupas que me servissem mas bastavam umas calças de malha e batas largas que facilitassem a amamentação para que esse assunto fosse postergado. Engravidei novamente, controlei para não engordar tanto e foram somente 13 quilos e o mesmo sistema pós parto. Minhas filhas estando bem alimentadas e com boa saúde, o resto não tinha importância. Foi quando a menor completou dois anos, que resolvi olhar-me no espelho. Havíamos tido férias em família a viajar, e depois de ver as fotos não consegui me reconhecer. Fiquei muito triste e perturbada em ver como eu saía sem jeito e desengonçada nas fotos, sem os cuidados que eu tinha com meu corpo e saúde antes de ser mãe. Observei que nunca comprava uma roupa sequer para mim, entrava na Zara e ia direto para a seção infantil. Me escondia atrás de roupas escuras e sem forma e do encanto das minhas filhas, minha comissão de frente eram duas crianças sempre lindas, saudáveis e bem vestidas.
Não estou aqui tentando arrumar uma justificativa para a minha baixa auto-estima ou culpar a maternidade antes que o pensem, viu! Acredito que foi uma etapa a atravessar e vivenciar tudo isso para me conhecer e me valorizar.
Então procurei um treinador pessoal. Me empenhei nas atividades físicas, mas negligenciava a alimentação, porém notei muitas melhoras na parte muscular e energética, tinha muito mais disposição para cuidar da casa e acompanhar o pique das minhas filhas. Parei com o acompanhamento personalizado e recuperei o pouco peso perdido, me sentindo frustrada e desestimulada. Foi quando fui a um médico endocrinologista pela primeira vez, que me passou montes de medicamentos depois de notar no hemograma completo que a saúde não andava nada bem. Então parei e pensei em como esse assunto do peso estava se desenvolvendo em minha vida: uma série de tentativas frustradas para me ver e sentir-me bem. A relação emocional com a comida, pois comia quando me sentia triste ou feliz. A aceitação, sem desculpas, a coisas que eu não poderia mudar. A determinação veio daí, aceitando-me como alguém com sobrepeso e péssima saúde, que precisava urgentemente fazer algo sobre isso.
Vendi meu carro e comprei uma bicicleta. Consultei-me com uma nutricionista que me torturou numa dieta super restritiva, mas que deu o choque que meu corpo precisava para entrar em processo de emagrecimento. Em três meses emagreci 10 quilos, aprendi a comer corretamente e minha bicicleta me acompanhava por toda a cidade. Entrava nas lojas e encontrava o que me servia, passei a adorar o que via refletido no espelho. Sabia que se comesse sobremesas sempre depois das refeições, teria consequências e controlei os meus impulsos emocionais.
Sei que essa experiência é só minha, que cada um tem suas dificuldades e se esforça de maneira diferente. Aprendi que o número na balança ou nas etiquetas não quer dizer muita coisa, se seu corpo não está em harmonia com os sentimentos. Que me arrumar e ser vaidosa não me transforma em alguém superficial ou melhor que ninguém. Conhecer o meu corpo e me ver feliz é uma das experiências mais profundas e intensas que pude viver e tenho vivido. Não quis mudar por causa da ditadura da moda, ou porque ser magro é in. Fiz tudo isso por mim, para ter saúde e energia suficientes para ver minhas filhas crescerem e ser-lhes um exemplo. Para poder estar inteira como mulher, esposa, mãe, irmã e filha, era preciso tomar as rédeas da minha vida por inteiro, e é o que eu continuo a fazer, todos os dias.
Portanto, qualquer que seja a sua batalha interior, seja com o peso a mais ou a menos, ou com o trabalho que não lhe apetece, ou com a carga de obrigações e problemas, comece a mudança dentro de si, por mais difícil e dolorosa que ela possa parecer. E seja feliz.
Qualquer dúvida que tenham para começar, se for relativo à saúde, sempre consultem um médico e não caiam na onda de regimes milagrosos. E um psicólogo nesse processo também é de extrema importância, o que dá conversa pra muito mais postagens...
Beijinhos e tenham uma linda semana!
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