Um amigo para sempre

sexta-feira, outubro 30, 2015 Ana Luisa Maya Uludüz 0 Comments


Esse é o León. Está conosco há nove anos e vários continentes, é um gato doce, manhoso e querido, que veio para as nossas vidas quando ainda não tínhamos filhos. Ele é o meu mais velho, teve toda a paciência felina desse mundo durante minha primeira gravidez quando deixei de cuidá-lo. Era o "pai" quem o alimentava, limpava o toilette, o penteava. Mas mesmo assim, se deitava ao lado da minha barriga e sentia os chutes da irmã que logo chegaria para mudar o seu mundo. Então acompanhou entusiasmado todas as longas perseguições que aquela bebê risonha e energética realizava no objetivo de tentar agarrar o seu rabo. Quando se cansava e seu espírito de gato preguiçoso vencia, subia em algum lugar mais alto onde as patinhas dela não pudessem alcançar e a observava, arfando. Descansava e a brincadeira reiniciava. Engravidei novamente e foi o mesmo ritual, de respeito à nova família se expandindo, mais uma menininha que bastava firmar-se em quatro "patinhas", era aquela deliciosa cena de se ver todos os dias. Nunca se zangou com elas, sempre demonstrou e demonstra lealdade e amor verdadeiro pelas irmãs e elas por ele.
León foi comprado numa clínica veterinária, depois de visitarmos inúmeros gatis de renome pela cidade e não encontrar um filhotinho que fizesse dizer-mos "É esse!". Poderíamos adotar um bichano, mas foi muito pensado entre nós dois e queríamos um persa, por admiração pela raça e sua beleza. Uma amiga o viu numa jaulinha e imediatamente lembrou de nossa busca e nos avisou, fomos ao local e foi uma cena digna de filme. Quando meu marido o abraçou, aquela bolinha de pêlos se aninhou no seu peito como se já pertencesse àquele lugar por muito tempo. Eu ouvi sininhos de fadas naquele momento e ele, que nunca teve um animal de estimação, viu que ali o destino daquele novelinho estava selado. O levamos pra casa sem maiores perguntas, e nossa família começou neste dia.
Considero que tivemos muita sorte com ele, um gato que nunca foi arisco e nem teve doença alguma, pois nem todas as famílias passam por momentos tão harmônicos quando decidem ter um animal de estimação. Comprar um animal requer muita atenção e cuidado. Saber e conhecer as origens da ninhada é o primeiro passo. Mas imprescindível que antes desse passo seja uma decisão da família em conjunto. A coisa que considero mais imatura e irresponsável é comprar ou adotar um animal sem que algum membro da família tenha concordado com isso, por impulso, ou para presentear alguém. Presente para crianças é ainda pior. É notório que os pequenos e até mesmo os adolescentes podem jurar de olhos fechados que cuidarão do novo membro da casa, mas basta o primeiro cocô no sofá para desistirem da ideia. A responsabilidade é sempre dos adultos, que são os mesmos quem decidem por tê-los ou não. E animais não são presentes, objetos descartáveis. São seres vivos que merecem cuidado e afeto, respeito por toda a vida deles.
As estatísticas são infelizes. Os casos de abandono só fazem crescer e os "motivos" são desumanos. Abandona-se porque o animal está velho, está doente, porque a dona está grávida, porque vão sair de férias e não querem pagar um pet hotel, porque late muito, porque mordeu, porque chora à noite. Sério, tem gente que adota um filhote e devolve porque ele chora a noite! Imagina esse ser quando tiver um filho? Vai devolver pro hospital?
A outra parte da atenção especial vai para a origem dele. Se decide mesmo por comprar, porque quer um cão de raça por exemplo, o melhor a ser feito é pesquisar sobre a raça que simpatiza. É inegável que os donos influenciam muito no comportamento dos animais de estimação. Cães negligenciados e sozinhos durante o dia, confinado sem lugares pequenos, tendem a ser estressados. Mas existem também as características da raça, alguns cães são naturalmente mais possessivos, territorialistas, ou simplesmente não se adaptam às crianças. E há os que precisam de muito exercício, ou espaços amplos. 
Aí vem o assunto do pet shop. Já não é nenhuma novidade que a grande maioria deles vendem animais que vieram de criadouros duvidosos. Se pedes, nunca oferecem a ficha completa do animal. São os chamados "puppy mills", esses criadouros, que mantém em condições precárias de higiene e saúde as matrizes, os machos e a fêmea, que são obrigadas a cruzar várias vezes para assegurar a fecundação e procriam muitas vezes ao ano, enfraquecendo e debilitando a fêmea. O resultado disso são filhotes débeis, expostos ao stress constante, com doenças congênitas e outras enfermidades como parasitas e até risco de contagio ao humano. Chegam ao pet shop e são lavados e perfumados, e alguém o leva pra casa, responsavelmente ou não, dando continuidade ao círculo de horror que é esta manipulação da vida de um animal. O novo dono gastará rios de dinheiro para tratar o bichinho ou vai devolvê-lo, ou pior, jogá-lo na rua ou transferir a responsabilidade para um abrigo de animais.
É gente, esse post é um choque de realidade para quem quer ter ou tem um animal. Pensem muito antes de tomar uma decisão tão importante como esta. Se trabalhas o dia todo, se ausentas muito, desista. Assim como se tens filhos muito pequenos, ou não tem espaço adequado - lembrando que até os cães de pequeno porte necessitam exercitar-se diariamente - se não tens dinheiro para comprar a alimentação adequada, ou para eventuais problemas de saúde que o animal venha a ter, desista. Qualquer tipo de animal que queiras ter merece respeito e cuidado, como um filho humano. Não durarão toda a sua vida, mas lhe darão momentos que valerão por ela, por seu amor puro e incondicional que nutrem por nós humanos.
Se tens todas as condições para ter um animal de estimação, existe farta informação no Google sobre sociedades protetoras de animais e ongs que disponibilizam cães e gatos para adoção, algumas até animais exóticos. Assim como canis respeitáveis de diversas raças. Pesquise muito antes, visite, envolva-se. E recolha o cocó do seu cãozinho da rua!
Fiquem com um vídeo que bate na alma, sobre o abandono. Pra pensar...


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