O fenômeno Balmain

quinta-feira, novembro 05, 2015 Ana Luisa Maya Uludüz 0 Comments


Uma loucura! Gente dormindo na rua na noite anterior. Abertura das portas com perigo de morte, tamanho foi o frisson por agarrar uma peça da coleção de parceria que a cadeia de lojas H&M fez com a repaginada Balmain, graças ao designer jovem e arrojado Olivier Rousteing, e uma campanha massiva de marketing. Eram top models, blogueiros, inundando o nosso imaginário com seus "must have" irresponsáveis. Mesmo no Brasil onde não há a loja devido à crise e aos altos impostos brasileiros, que fizeram com que a rede recuasse uma abertura no Brasil, todos sabiam do "bafafá" que seria. Todos desejavam algo, nem que fosse uma t-shirt.
Cheguei à loja do Chiado, em Lisboa, as 9:40 da manhã, 20 minutos antes da abertura de portas e peguei uma das últimas pulseiras que dava direito a entrar no espaço da coleção, pegar somente uma peça de cada modelo e deixar o local em 10 minutos. Fiquei com o horário das 12:50. Parece fácil? Mas o que veio depois daria uma tese em antropologia. 
Na fila havia de tudo: modelos, aspirantes a celebridade, meninos e meninas que sonham em ter algo de marca, avós que vieram ajudar as netas a agarrar o máximo de peças possível, mães e filhas que mais pareciam parceiras de crime, socialites, vendedores à espera de sair dali e conseguir vender um casaco pelo triplo. E eu, dona de casa, duas crianças, levada por muita curiosidade e paixão pela moda.
Enfim, entrei, esperei minha vez e com ajuda consegui uma calça que queria (valeu, Ruben!) mas um top sonhado ficou na saudade. As peças mais caras acabaram na primeira hora! Este casaco todo bordado da primeira foto, já não mais existia às 10:30 horas. E valia 400 euros. 
Sei que pra muitos foi pensado assim: quando é que eu, reles mortal, terei condições de comprar na loja Balmain um casaco como estes, que custa uma média de 10000 euros??? Ficar sem pagar as contas do mês ou fazer uma dieta forçada para ter aquele casaco é quase tão natural quanto correr a maratona de costas. Porque aqui em Portugal como no Brasil e alguns países, a maioria do povo reclama com um tremendo bocão sobre a crise, mas reprogramar as despesas necessárias e conter gastos com supérfluos que é bom, neca! Então vamos às compras!

A foto acima mostra a entrada da loja e a fila, com gente que passou a noite toda por lá!

Ganhei um café charmoso quando cheguei. Eu que nem bebo café aceitei : )

Os primeiros minutos depois da abertura, com todas as peças ainda disponíveis e...

Pouco depois das 12 horas, com as araras e dispositores completamente vazios, e a mulherada ainda à espera de um milagre.

Claro que não estou aqui para julgar os motivos que fazem alguém querer ou precisar comprar tanto, mas não há como negar que é algo preocupante. Somos movidos por um desejo insano, que passa por cima da nossa própria realidade. Há meses, quando soube dessa parceria, fiquei super curiosa sobre como seriam os preços. Depois quando foram divulgados à imprensa, passado o susto elaborei o plano, sobre quais peças eu poderia comprar e que me serviriam para diversas ocasiões. Cheguei à conclusão na noite anterior junto com meu marido, vendo e revendo a wishlist e lapidando o desejo até chegar à duas peças (que no fim só consegui por a mão em uma). Foi um exercício de alto controle, foi um laboratório sobre o comportamento humano, foi uma loucura mesmo. Das próximas pensarei outro milhão de vezes antes de me meter em uma aventura no submundo das compras como essa de novo. Mas sim, eram lindas! E fiquei exausta mas valeu!

E como última imagem, fica a modelo portuguesa Luísa Beirão como inspiração na festa da Balmaination que aconteceu durante a semana. Pra provar que mãe (de 2 como eu) também pode ser mulher e linda, toda trabalhada no Balmain para H&M. Arrasou!





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